09 janeiro 2017

Inerente. Essencial.

A geração da rapidinha chegou. Foto bonita no Facebook, entra na página, vasculha o perfil, descobre quem é pai-mãe-melhor amigo-cachorro-casa de praia-onde passou o último verão-e quem foi a última namorada. Adiciona como amigo. Aceitou. Manda Inbox. Respondeu. 10 frases e passa o WhatsApp. -Oi, oi; por aqui é bem melhor. -E aí, o que vai fazer no fds? -Vou na festa e vc? -Também. -Então nos encontramos lá. Alguns dias de ansiedade e chega a hora. Será que ele vai? Com que roupa eu vou? Batom vermelho? Acho que não rola amiga. Vai de nude, salto e saia. -Oi, oi; prazer, prazer. Beijos!!! Beijos… Beijos sem muita conversa. Mas também, porque beijos precisam ser quase imediatos? Daí rola aqueles olhares sem muita profundidade. Vontade sem muito entusiamo. Mas o que podemos esperar de uma relação tão sem “relação”? Mas está bom, melhor que nada. Vida de solteira anda meio difícil não é mesmo? -Deixa que eu te levo em casa então.
No outro dia de manhã tem WhatsApp. Quem manda primeiro? Quem está mais interessado? Não, quem é mais maduro. Um oi e um tchau. Uma noite, duas noites… Uma semana e uma mudança de lua são suficientes para acabar. A regra das relações rapidinhas segue a mesma constância: acho que não era para ser. É alto demais, é loiro, não trabalha, tem poucos seguidores, vive na balada, gosta de comer milho na frente dos outros e tem uma família meio torta. “Nada”, isso é o que significa as características que usamos para terminar alguma coisa que mal teve a chance de começar. A gente corta as asas de quem nem aprendeu a voar ainda. As pessoas perderam o olhar longo, a jogada de cabelo… Perderam a emoção de um sms escrito “estou com saudades”. Será que ninguém mais tem vontade de olhar as estrelas sem pensar em mais nada além daquele momento? Com aquela pessoa? Será que eu estou sozinha nesse mundo super lotado de pessoas sempre online?
Parece que nada mais tem graça, parece que tudo anda meio vazio. Tudo é tão igual. A gente está perdendo a sutileza de saber o que significa se entregar, merecer, conquistar, estar, viver… Se perceber e se doar. Se amar e admirar a cor dos olhos do outro. A textura do cabelo, os ossinhos da mão e o jeito de andar rápido quando está atrasado. Sabe aquela voltinha na coluna que ninguém tem igual a ninguém? Ninguém mais repara nela. A gente existe por likes. Viaja por comentários, e vai para academia pelo espelho. A legging mais confortável perdeu espaço para a mais bonita. Essa é a lógica das relações de hoje: o que faz bem foi deixado de lado pela triste beleza do que faz mal. Eu tenho medo de pensar onde isso vai parar. Em um mundo onde se compra casamentos, seguidores, silicones, bocas carnudas, eu fico pensando: será que um dia alguém ainda vai reparar quantos tipos de sorriso eu tenho?
– Suh Riediger

20 dezembro 2016

Niilismo


Para muitos a idéia de “ser feliz” não está relacionada a estados momentâneos, mas é vista (e desejada) como algo permanente: uma condição que devemos lutar e perseguir até alcançarmos. E de fato, alguns buscam essa suposta felicidade num parceiro(a), família ou até mesmo em algum deus ou religião. Inclusive isso vende bem: basta olhar a quantidade de livros, palestras e até treinamentos motivacionais em busca desse pseudo nirvana.
Mas como conciliar essa idéia de felicidade permanente ao fato de que nossa própria existência definha dia após dia, em uma caminhada inevitável para a morte?
Esse pensamento radical – “ser feliz ou infeliz” – esconde de nós um meio termo dessa afinação sentimental. Uma espécie de conformismo de que, queira você ou não, a vida é mais complexa e profunda do que isto. E justamente por essa condição, precisamos aceitar e entender que esse estado não é necessariamente tenebroso.

30 setembro 2015

Hologram

Tente imaginar uma imagem holográfica que muda conforme você a movimenta (lembra dos tazos? Então). Embora a imagem seja bidimensional, observá-la de diferentes pontos cria a ilusão de que ela é 3D.

Este modelo do universo ajuda a explicar algumas inconsistências entre a relatividade geral (a teoria de Einstein) e a física quântica. Embora o trabalho de Einstein sustente grande parte da física moderna, em certos extremos (como no centro de um buraco negro) os princípios que ele esboçou desmoronam e as leis da física quântica assumem.

O método tradicional de conciliar esses dois modelos veio do trabalho do físico teórico Juan Maldacena, de 1997, cujas ideias baseavam-se na teoria das cordas. Esta é uma das “Teorias de Tudo” mais respeitadas (inclusive, Stephen Hawking é um fã) e postula que os objetos unidimensionais de vibração, conhecidos como “cordas”, são as partículas elementares do universo.

Os resultados são “uma forma interessante de testar muitas ideias na gravidade quântica e na teoria das cordas”.
Talvez pela primeira vez, algo que tinhamos quase certeza de ser verdade, mas ainda era uma conjectura.

29 setembro 2015

Estrelas Mortas


Um bebê recém-nascido não sabe que é um indivíduo. Acha que ele e a mãe formam uma entidade única. Talvez ache até que ele, a mãe e o mundo sejam uma coisa só.
Mas antes de seguir com esse raciocínio, queria passar a palavra para alguém mais qualificado que eu, o Richard Dawkins. “Vamos imaginar que o surgimento de vida em algum planeta seja algo estupidamente improvável”, ele me disse numa entrevista recente. “Mais improvável até do que você tirar uma quadra de ases num jogo de cartas, e todo mundo na mesa também sair com quadras. Mas sabe de uma coisa? Mesmo se a vida for algo tão difícil de acontecer, ainda assim ela seria abundante no Universo”.
Dawkins, professor emérito de biologia em Oxford e reformulador do darwinismo, entende de vida. Mas nem ele nem ninguém tem como dizer se o fenômeno é corriqueiro no Cosmos ou se não, se trata-se de algo raríssimo, que só aconteceu na Terra, ou, dando uma chance ao acaso, que só apareceu em um a cada um bilhão de planetas Cosmos afora.
Um em um bilhão parece pouco. Só que é menos ainda. É a chance de você ser atingido 500 vezes por um raio antes de morrer. É a probabilidade de você ganhar na megasena não uma vez, nem duas. Mas 20 vezes. Seguidas. Em outras palavras, é basicamente um sinônimo de “impossível”.
Mas isso aqui na Terra. Porque no céu a história é outra. É que, se um em um bilhão é algo menor do que parece, o espaço sideral é maior. Bem maior do que parece. As estimativas mais humildes indicam que existem 10 trilhões de bilhões de estrelas no Universo observável (ou 1022 , o número 1 seguido de 22 zeros, caso você prefira uma notação mais científica). Um mundo assim, com 10.000.000.000.000.000.000.000 de sóis, destrói qualquer estatística. Assim: se a vida surgiu em um único planeta por sistema solar (como parece ter sido o caso neste sistema solar aqui), e só um em cada bilhão de sistemas solares teve essa sorte, existiriam dez trilhões de planetas com vida.
Mais: se entre esses supostos planetas com vida só um em um milhão abrigar seres inteligentes, teríamos dez milhões de civilizações sobre as nossas cabeças. Como o Dawkins mesmo disse naquela entrevista: “Nossos cérebros não sabem lidar com grandezas na ordem de bilhões e bilhões”.
Mas tem outra coisa com a qual o nosso cérebro não sabe lidar: o próprio conceito de “vida”. Por instinto, nós teimamos em achar que somos entidades à parte no Universo. Que nós estamos aqui, e o Universo está “lá fora”. E aí que a gente volta aos bebês do primeiro parágrafo. Nos primeiros meses de vida, passamos a entender que somos indivíduos, entidades únicas, apartadas das nossas mães, e do mundo, e do Universo.
Ilusão. Os átomos que formam o seu corpo sempre estiveram aqui na Terra. E vão continuar por aqui, independentemente do que você faça com eles até o dia que o seu coração parar de bater. O autor do Gênesis traduziu bem essa ideia, na cena em que Deus diz a Adão que ele terá de trabalhar pesado, e suar para que a terra produza algum alimento “até que você, Adão, volte para a terra, pois do pó você foi feito, e em pó irá se transformar” (Gen. 3:19). Três mil anos depois, o astrônomo britânico Martin Rees refinou o raciocínio. Diante da descoberta de que todos os átomos mais complexos que o hidrogênio e o hélio foram forjados no interior de estrelas, ele escreveu que “somos todos, literalmente, cinzas de estrelas mortas há muito tempo”.
Logo, nós somos o chão. Nós somos as estrelas. Somos o espaço e o tempo. E a vida consciente talvez seja o Universo se olhando no espelho, e descobrindo que ele próprio é um indivíduo.

15 setembro 2012

Fuel - Most Of All

Most Of All

I see our stars tonight
Do you recall that light
Or do you ever think of me
And in your world somewhere
Do memories rip and tear
The ones that always keep you hanging on
To all that might have been

And I love you now
And I hate you now
And I miss you most of all
All those times we laughed
The scars that you left
Still I miss you most of all

And by the water's side
The tall grass where we lied
The nights we cried ourselves to sleep
Most Septembers now
I break down somehow
Remebering all we said
And all those dreams we never got to see

And I love you now
And I hate you now
And did you ever find
The star in your mind?
Or do you miss me most of all?

Are you somewhere
Without a care
Or are you as alone as I
Did you ever make it home

And I miss you most of all
And I miss you now

And I love you now
And I hate you now
And I miss you most of all
And did you ever find
The star in you mind
Or do you miss me most of all

Mais Que Tudo

Eu vejo nossas estrelas hoje de noite
Você recorda aquela luz?
Ou você sempre pensa em mim?
E em seu mundo em algum lugar
As memórias rasgam e choram
O único que sempre manteve você esperando
Para tudo o que poderia ter sido

E eu te amo agora
E eu te odeio agora
E eu sinto sua falta mais do que tudo
Todos aquelas vezes que rimos
As cicatrizes que você deixou
Ainda sinto sua falta mais do que tudo

E ao lado da água
A grama grande onde nós descansamos
As noites que choramos para dormir
E na maioria dos setembros agora
Eu surto de alguma fora
Lembrando tudo que falamos
E todos aqueles sonhos que nunca tivemos para ver

E eu te amo agora
E eu te odeio agora
E você alguma vez encontrou
A estrela em seus pensamentos?
Ou você sente minha falta mais do que tudo?

Você está em algum lugar
Sem um cuidado?
Ou você está tão sozinha quanto eu?
Você sempre faz isso como casa?

E eu sinto sua falta mais que tudo?
Eu sinto sua falta agora

E eu te amo agora
E eu te odeio agora
E eu sinto sua falta mais do que tudo
E você alguma vez encontrou
A estrela em seus pensamentos?
Ou você sente minha falta mais do que tudo?
 
 
 

Fuel - Days With You

Cada letra, uma mensagem...